A pergunta sobre o sofrimento nunca é porquê, mas para quê? A pergunta
não é como começou, mas como acaba, para onde vai. Aonde é que nos leva?
E pode haver alguma descodificação do sofrimento se nos habituarmos a
fazer a pergunta mais séria do ponto de vista humano e espiritual: “Para
onde vamos?” O sofrimento não se explica com a ideia do castigo,
explica-se por ser a interioridade de um processo de transformação. É
mais um “para quê?”, “o que é que podemos tirar daí?” Fazemos muitas
vezes a pergunta filosófica, buscando as causas, é o tal “porquê?”
Olhamos para trás quando devíamos olhar para a frente, para onde é que
leva ou para onde pode levar. Essa é a pergunta de quem se liga ao
Criador, mais espiritual, e sabe que o mundo não acabou. É mais saudável
perguntar pela finalidade do que pela origem! E se o sofrimento é o
avesso do amor e coincide com a história humana, se a acompanha, só se
pode perceber interrogando-o, caminhando com ele, fortalecendo-nos nele.
Resolvê-lo é que não se pode, como não se pode resolver a vida, como
não se pode resolver o amor. Mas pode-se fazê-lo florescer, pode-se
tirar partido.
Vasco P. Magalhães, sj
ONDE HÁ CRISE, HÁ ESPERANÇA
Um pensamento para cada dia: ver em tudo o que acontece uma oportunidade de crescimento.