Um movimento cívico formado por moradores da freguesia da Raposa exige o encerramento responsável e transparente do Aterro Sanitário da Raposa, inaugurado em 2000 e em funcionamento há 25 anos. O grupo alerta para os impactos ambientais, sociais e de saúde pública provocados pela sua atividade e critica a falta de informação clara e de acompanhamento eficaz por parte das entidades responsáveis.
O aterro foi inicialmente apresentado como alternativa a uma lixeira a céu aberto, com um horizonte de exploração de 10 anos e capacidade de 540 mil toneladas. No entanto, ultrapassou largamente esse limite e já recebeu mais de 890 mil toneladas até ao seu encerramento em 2015. Em 2021, após uma nova licença ambiental, foi reativado com capacidade para mais 970 mil toneladas.
Apesar de a Ecolezíria ter prometido sucessivamente o encerramento definitivo desde 2023, o movimento denuncia que em 2025 o aterro continua em funcionamento.
Entre as principais exigências do grupo estão a realização de uma auditoria técnico-ambiental independente e urgente, o cumprimento rigoroso da legislação em vigor e a criação de um grupo de acompanhamento local que inclua representantes da população, da Junta de Freguesia da Raposa e técnicos especializados.
O grupo reivindica ainda a responsabilização por eventuais danos ambientais e de saúde pública, a garantia da recuperação ambiental da zona afetada e a avaliação de soluções sustentáveis que assegurem um futuro com utilidade pública para o espaço atualmente ocupado pelo aterro.
O incêndio que ocorreu no aterro no dia 13 de agosto foi o ponto de viragem para a criação do movimento cívico. Para os seus membros, o episódio intensificou a gravidade da situação e a necessidade urgente de intervenção. “Já havia sinais e denúncias anteriores, mas este episódio expôs a ainda mais relevância do problema. Não podemos continuar a viver com receio constante de novos incidentes”, referem os representantes do movimento.
O grupo sublinha que não tem qualquer ligação partidária, mas admite que a campanha autárquica poderá ser um momento importante para colocar o tema na agenda política.
Para já, os cidadãos estão a recolher assinaturas e a entregar o manifesto às autoridades locais e nacionais, incluindo Junta de Freguesia da Raposa, a Câmara Municipal de Almeirim, a APA – Agência Portuguesa do Ambiente, a CCDR – Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional e a IGAMAOT – Inspeção-Geral da Agricultura, do Mar, do Ambiente e do Ordenamento do Território.
Caso não haja resposta, o grupo admite avançar com formas de protesto mais visíveis e até ações legais, mas garante privilegiar a via institucional e o diálogo.
Entre os problemas apontados estão os maus odores, riscos para a saúde respiratória, poluição visual e ambiental, proliferação de insetos e roedores, perda de valor imobiliário e risco de contaminação de solos e aquíferos.
“Não estamos contra a gestão de resíduos, mas exigimos que o encerramento seja feito com regras claras, controlo técnico e transparência. O lixo já lá está e vai continuar por muitos anos, mas a população merece respeito e garantias de segurança”, concluem os representantes.