“O objetivo é criar uma ligação com quem está a ouvir”

A atuação no Festival da Sopa da Pedra foi o pretexto para uma conversa com Miguel Simões, de nome artístico DJ M Simões. Vamos passar em revista a influência da rádio nesta faceta e como, em 2012, terminou o curso de DJ e também de produtor de música.

A paixão pela música sempre esteve presente na vida de Miguel Simões, já desde miúdo. Chegou a ter algumas experiências com vários instrumentos musicais, nomeadamente, guitarra elétrica e saxofone tenor, que o cativou pela sua sonoridade e beleza.

“No final da década de 80, integrei, por alguns anos, a equipa da antiga Rádio Local de Almeirim , hoje com o nome de RCA Ribatejo (Rádio Comercial de Almeirim), e com isso, vivi na mítica época dos 80’s envolvido em vinis de música, que ainda hoje fazem encher as pistas de dança”, conta entusiasmado.

Depois, iniciou-se no Djing em público há cerca de 14 anos e, em 2012, já com alguma experiência de Djing, para aperfeiçoar técnicas que aprendeu entre amigos e desenvolveu por vontade, gosto e trabalho próprio. Terminou o curso de DJ na escola PRODJ em Lisboa: “Mais tarde, enriqueci o meu domínio no que respeita a produção de música e fiz também o curso de produtor de música eletrónica na mesma escola. Desde então, foi todo um processo natural da paixão à prática e depois ao palco”.

A primeira atuação em público foi no final de 2011, “numa festa em Almeirim no Refúgios bar, onde um DJ amigo meu, conhecendo a minha ligação à música, me convidou para passar música, convite que aceitei e, com isso, a paixão pela música reacendeu e já não parei mais!”.

Cada DJ tem a sua identidade sonora e M Simões é muito versátil, procurando estar sempre em sintonia com o público presente, nos mais variados estilos musicais, optando, a cada momento, pelo estilo que a pista exige. “Em particular gosto muito de house, deep house e funky house, sons que criam uma viagem e uma atmosfera envolvente, mas também tenho um fraquinho por música latina e algumas fusões mais modernas, especialmente em sets mais descontraídos”, explica.

Mas mesmo dentro desta linha, por vezes, é preciso ir além do que tinha planeado. “Já aconteceu começar com um set mais chill e, de repente, sentir que o público quer algo mais energético e aí ajusto. O objetivo é criar uma ligação com quem está a ouvir e isso exige uma leitura do público com sensibilidade e adaptação”.

E assume, o também produtor musical, que é essencial perceber o público: “O palco não é só onde se passa música, é onde se lê o ambiente, se sente a vibração, se responde ao público. Há uma troca constante de interações. Às vezes, basta um olhar, uma reação, para saber que é hora de mudar o ritmo ou surpreender com uma faixa mais inesperada”.

Tecnicamente, há também diferenças. Antes utilizavam discos e agora é muito com computador ou controladores all-in-one. A tecnologia mudou muito. “Os discos de vinil têm uma arte e uma alma que nunca desaparece e exigem uma técnica específica. Hoje em dia, com controladores e softwares profissionais, há mais possibilidades criativas, mas a essência continua: saber escolher, misturar e contar uma história através da música”, explica Miguel.


M Simões and Friends em apresentação

No dia 30 de agosto vamos ter a possibilidade de ver o M Simões num formato algo diferente. O projeto M Simões and Friends nasceu da vontade de criar algo mais colaborativo. “É uma ideia que nasceu há alguns anos, onde tive o gosto de conhecer artistas muito bons por intermédio de outros colegas DJs e, à medida que ia entrando com maior profundidade no mundo artístico ligado à música, permitiu-me pensar em fazer algo mais experimental, mais colaborativo e juntar música, efeitos visuais e performance ao vivo num só espetáculo. Neste contexto, convidei o Saxofonista Sandro Ferro (Sansax) e o percussionista Paulo Reis para criar uma fusão entre DJ e performance ao vivo.

São dois excelentes músicos que integram outros projetos e com uma vasta experiência. O Sandro teve um projeto em 2003 com o nome de DeepDuet e, desde 2013, tem um projeto a solo com o nome de SanSax Live Act Saxofone. Já o Paulo Reis é percussionista profissional desde 2004 e envolvido em outros projetos, tais como: Banda de Tributo a Carlos Santana e na banda Baco no trio elétrico do Carnaval de Torres Vedras”, contextualiza.

No Festival, os três músicos vão apresentar uma fusão de estilos, com momentos mais introspectivos e outros mais explosivos. “Haverá, como disse, uma performance colaborativa ao vivo e algumas surpresas que ainda estamos a afinar. É um convite para entrar num universo de sonoridades diferentes”.

O repto está lançado para que, no dia 30 de agosto, à noite, venham viver uma noite diferente no Festival da Sopa da Pedra em Almeirim, cheia de música, arte e boas vibrações: “Vai ser especial e com algumas surpresas. Apareçam e deixem-se levar”, conclui Miguel Simões.