“O que nos faz manter esta tradição é a amizade e a necessidade de criar momentos”

Com o objetivo de proporcionar “mais momentos de festa”, foi realizado o jantar bigode, que acontece uma vez por ano. Numa espécie de apologia ao bigode, o evento pretende, acima de tudo,  promover a amizade e “apimentar o espírito”. 

Como surgiu esta ideia? 

Durante muitos anos, os festejos em honra de Santo António não se realizaram, por diversos motivos. Quando se voltaram a realizar, os cartazes eram ainda mais humildes que os atuais, e eu, com um grupo de grandes amigos, sentimos que era necessário “apimentar o espirito” para que a festa fosse mais ativa. Nada melhor que um “jantar”, que se inicia pelas 13 horas, para que a noite seja divertida. O bigode foi a desculpa que encontrámos para realizar o encontro, nós, na verdade, o que queríamos era mais horas de festa. Hoje é sagrado, por maior ou menor que seja, é condição para ser elegível para o evento. 

Há quantos anos? 

Este ano foi a 10ª edição. Infelizmente durante a pandemia, não existiram condições para o mesmo se realizar. 

Fazem várias atividades ao logo do ano? 

Não, o jantar do bigode só se realiza uma vez por ano.  

Com quanto tempo de antecedência começam a pensar no bigode? 

No bigode depende, há malta que tem de deixar de cortar o bigode em Dezembro para ter qualquer coisa em Junho. No jantar, acho que no momento em que o Renato está a encerrar os festejos com a salva de morteiros, e o presidente da festa recolhe a bandeira, já estamos todos a pensar no próximo. 

Alguns também apresentam cortes de cabelo radicais. Isso já é um extra? 

Sim, isso é sobretudo um extra alcoólico. Nesta altura do ano, por norma, as temperaturas são elevadas e a hidratação durante o jantar nunca é descurada, o que, por vezes, promove esse tipo de penteados.   

O grupo tem vindo a crescer? 

Sim, quase todos os anos temos membros novos. 

Quais os requisitos para se entrar no grupo? 

O requisito principal é ter bigode, mas isso não chega. O que nos faz manter esta tradição é a amizade e a necessidade de criar momentos: para que alguém possa entrar no grupo e se sinta bem, tem de valorizar isso. É responsabilidade do seu padrinho, selecionar, enquadrar e pagar o jantar do seu afilhado.   

Há gente também fora da Raposa? 

Sim, desde que cumpra os requisitos, o local de residência, orientação sexual, cor de pele, religião ou qualquer outra característica individual não é uma condicionante para estar elegível. 

Há histórias curiosas em torno do grupo? 

Sim, muitas. Desde desaparecimentos repentinos de indivíduos, quase que por magia, a diversas viagens à mercearia da Filomena, para repor o stock de hidratação, a erros de cálculo nas compras, a viagens a Almeirim que demoravam mais 4 ou 5 horas que o inicialmente planeado, onde eram visitados quase todos os estabelecimentos abertos. É muito por estas histórias que todos os anos nos juntamos, religiosamente. Por isto, e porque nos foi transmitido, por um membro do nosso grupo, que, infelizmente, já partiu, que a vida é para ser vivida e partilhada. Fazemos questão de a partilhar.