Russa agora é Filipaa Mon Sant e apresenta no ALMEIRINENSE o seu novo projeto.
Raphanus Raphanistrum é o álbum de estreia de Filipaa Mon Sant (anteriormente conhecida como Russa). Inspirado na vida e obra de José Saramago, o disco procura reinterpretar o legado do Nobel português à luz da estética musical urbana contemporânea, aproximando-o das novas gerações.
O título nasce do nome científico da planta saramago, Raphanus raphanistrum, que, por coincidência (ou destino), começa com “rap”. A simbologia do nome estrutura o disco em dois lados: Raphanus, que aborda a obra literária de Saramago, e Raphanistrum, que reflete sobre a vida do escritor.
O projeto resulta do diálogo entre dois universos (o de Saramago e o de Filipaa) e explora temas como o sonho, a juventude, a origem, a pobreza geracional e a emigração.
O álbum assenta sobre cinco ideias fundamentais: O artista consagrado (Saramago) vs. o artista emergente (Filipaa); O sonho do escritor (o Nobel) vs. o sonho da cantora (o Grammy), A juventude eterna de Saramago vs. o jovem que morreu por dentro (Filipaa), A pobreza geracional das famílias ribatejanas de ambos; A emigração para Espanha, ponto de convergência entre os dois percursos.
As canções de Raphanus Raphanistrum evocam obras como O Evangelho Segundo Jesus Cristo, Memorial do Convento, Levantado do Chão e Ensaio sobre a Cegueira. No lado B do álbum, surgem também referências a As Intermitências da Morte e A Viagem do Elefante, integradas numa leitura mais pessoal sobre a vida do autor.
Entre os episódios biográficos retratados estão a descoberta da literatura na Biblioteca Palácio Galveias, o encontro com Pilar del Río, a conquista do Prémio Nobel em Estocolmo e o fim de vida do “eterno jovem”.
A maior inspiração pessoal de Filipaa é, no entanto, a sua bisavó, que tirou a 4.ª classe aos 74 anos e escreveu dois humildes livros. Essa mulher anónima, pertencente à mesma geração de Saramago, representa o contraste entre dois percursos separados por oportunidades, mas unidos pela vontade de escrever e resistir.
Musicalmente, o disco mergulha nas linguagens urbanas contemporâneas, cruzando rap, trap indie, electrónica e house, com incursões pelo reggaeton, uma homenagem à comunidade latina de Barcelona, cidade onde Filipaa se desenvolveu artisticamente.
Este é um projeto de transição, que mistura, intencionalmente, a estética de Russa (a sua identidade anterior) com a nova visão artística de Filipaa Mon Sant. O álbum introduz, também, o Ribatejo como um novo polo de criação urbana, através do movimento estético e cultural que a artista designa por AGROTRAP. Um cruzamento entre o imaginário rural e a sonoridade contemporânea.
Raphanus Raphanistrum marca ainda o início de uma nova etapa: “The Road From Ribatejo to the Grammy”, uma jornada pessoal e artística que Filipaa vai documentar em formato de vlog, partilhando o processo criativo e o caminho que a levará do Ribatejo ao mundo.
Raphanus Raphanistrum foi misturado e masterizado por Jonny Zoum, engenheiro de som da plataforma alemã COLORS, onde trabalhou diretamente com artistas de renome internacional como Billie Eilish e Alicia Keys.
A produção instrumental ficou a cargo de Sickonce e Capital da Bulgária, esta última conhecida pela sua participação no Festival da Canção 2025. O álbum conta ainda com uma colaboração especial de Mirai, uma das vozes mais promissoras do hip hop português contemporâneo.
Os vídeos que acompanham o projeto foram realizados por João Correia, através da produtora Disorder Films, responsável por materializar visualmente o universo simbólico e estético do disco.
O projeto contou com o apoio da Sociedade Portuguesa de Autores (SPA) e da Direção-Geral das Artes (DGARTES), reforçando o seu enquadramento enquanto obra de criação e investigação artística.
Mais do que um álbum, Raphanus Raphanistrum é um encontro entre gerações, geografias e linguagens entre o real e o sonho, entre a literatura e a música urbana, entre o passado e o futuro.
Filipaa Mon Sant transforma a herança de José Saramago num espelho onde a juventude contemporânea se pode rever: com as mesmas dúvidas, a mesma fome de criação e a mesma esperança de ser ouvida.
Raphanus Raphanistrum já se encontra disponível em todas as plataformas digitais e foi também editado em formato vinil. O disco foi apresentado ao vivo no Cineteatro de Almeirim, no passado 24 de outubro, e na Escola Básica Salgueiro Maia (EB 2,3), em Fazendas de Almeirim, num gesto simbólico que une a comunidade educativa e cultural da terra natal da artista.
Filipaa Mon Sant
Filipaa Mon Sant é uma artista portuguesa nascida no Ribatejo na década de 1990. Desde cedo associada a uma imagem de excelência, destacou-se tanto no desporto como na vida académica, tornando-se, aos 18 anos, a primeira da sua família próxima a frequentar o ensino universitário. Completou uma licenciatura e dois mestrados em Marketing e Gestão Internacional, estudou em quatro universidades e viveu em seis países, experiências que moldaram a sua visão cosmopolita e o seu olhar artístico.
Em 2017, iniciou oficialmente o seu percurso musical sob o pseudónimo RUSSA, nome que ouvia desde criança devido à cor do seu cabelo e que se tornou alcunha oficial depois de ter regressado de uma temporada de estudos na Rússia. Com este projeto, tornou-se uma das vozes femininas mais marcantes da música urbana portuguesa. O lançamento da Mixtape T.P.C. marcou o arranque de uma carreira que viria a consolidar-se em 2018 com o álbum Catarse, um dos primeiros exemplos de trap consciente em Portugal. O disco foi apresentado ao vivo em mais de 30 concertos ao longo de dois anos.
Em 2019, RUSSA conquistou o Prémio Novos Talentos FNAC e o Prémio Revelação MIMO, afirmando-se como uma das artistas mais inovadoras da sua geração. Em 2022, integrou o projeto nacional de homenagem a Sérgio Godinho (SG Gigante), sendo a sua composição escolhida como single do projeto, escreveu a música da Gala de Abertura da Cidade Europeia do Desporto (Leiria 2022) e do Festival de Danças Urbanas da Maia e subiu aos palcos de alguns dos maiores festivais do país, como o NOS Alive e o Sumol Summer Fest. No final desse ano, e depois de ter lançado 50 músicas, anunciou o encerramento do ciclo RUSSA num documentário da sua autoria.
A transição para Filipaa Mon Sant representa a evolução natural de uma artista que amadureceu com a estrada e o autoconhecimento. É a imagem de uma mulher que mudou de casa 29 vezes e que aprendeu, com cada mudança, o valor do regresso às origens. Filipaa Mon Sant simboliza a maturidade e a reinvenção. Uma artista que continua a desafiar fronteiras entre géneros, linguagens e territórios.
Outros projetos e iniciativas
Paralelamente à música, Filipaa Mon Sant tem desenvolvido um trabalho relevante no campo social e comunitário com projetos ativistas de cariz provocador e disruptivo. Em 2025, fundou a plataforma The House of Monsanters, um espaço digital dedicado à visibilidade e empoderamento de mulheres LGBT que conta com milhões de visualizações nas redes sociais. No mesmo ano, criou o projeto “Mansão das Gajas que Gostam de Gajas – The Mansion of Monsanters”, uma experiência visionária que reuniu 11 mulheres que voaram de 5 países europeus para viverem umas mini-férias em Portugal. O projeto, que alia arte, diversidade e representatividade, pretende quebrar estereótipos e mostrar a pluralidade das identidades femininas.
Com um percurso que atravessa a música, o ativismo provocador e disruptivo e o empreendedorismo cultural, Filipaa Mon Sant afirma-se como uma das artistas mais multifacetadas e inspiradoras da sua geração. Uma criadora que olha para o Ribatejo e para o mundo com a mesma curiosidade e vontade de transformação.














