Casinos online puxam pelo semestre: IEJO soma 163,9 milhões de euros

O jogo e as apostas online mantiveram-se em alta velocidade na primeira metade de 2025. De janeiro a junho, o Estado arrecadou 163,9 milhões de euros em Imposto Especial de Jogo Online (IEJO), montante ligeiramente acima do registado um ano antes e que confirma o peso fiscal da atividade no país.

O valor resulta dos dados oficiais do Serviço de Regulação e Inspeção de Jogos (SRIJ), compilados e analisados pela Associação Portuguesa de Apostas e Jogos Online (APAJO). Em média, a receita fiscal aproximou-se de um milhão de euros por dia, apesar de um recuo trimestral em cadeia no segundo trimestre.

Enquanto a componente fiscal avança em termos homólogos, a dinâmica operacional do mercado tem nuances entre segmentos. No segundo trimestre, a receita bruta total dos operadores online ficou próxima de 287 milhões de euros, uma ligeira alta face ao primeiro trimestre, com os jogos de fortuna ou azar (casino online) a sustentarem o crescimento, ao passo que as apostas desportivas abrandaram.

O semestre em números e o lugar dos casinos online

Os 163,9 milhões de euros reportados até junho referem-se à receita fiscal cobrada ao setor, e não ao volume total gerado pelas empresas, e traduzem uma subida homóloga de 5,8%. O contributo, segundo a APAJO, consolidou-se apesar de oscilações entre trimestres.

A leitura pública destes dados sublinham a relevância orçamental do IEJO e a tendência de crescimento face a 2024. Em termos de comportamento do utilizador, a preferência divide-se entre desporto e casino, mas com rotinas distintas.

No universo do casino online, as slots continuam a captar a maior fatia do jogo, pois atraem fluxos constantes ao ser menos dependentes do calendário competitivo. Em seguida estão os jogos de mesa e jogos de carta, como blackjack e póquer.

E é precisamente no póquer, modalidade em que a hierarquia de mãos determina o desfecho de cada ronda, que muitos jogadores procuram entender melhor as combinações vencedoras na modalidade, reforçando a literacia sobre sequências de força das mãos e a forma como estas influenciam a tomada de decisão à mesa.

No universo desportivo, muitos apostadores trabalham seleções múltiplas, otimizando odds em bilhetes acumulados. Essa combinação ajuda a explicar porque é que, no segundo trimestre, os jogos de fortuna ou azar sustentaram o avanço do mercado, mesmo com um calendário desportivo menos favorável para as apostas.

T1 2025: Arranque forte, mas abaixo do pico do fim de 2024

Depois de um quarto trimestre de 2024 particularmente intenso, o primeiro trimestre de 2025 abriu com 284,7 milhões de euros de receita bruta online, menos 11,9% face ao trimestre anterior, mas ainda 9,1% acima do período homólogo. No mesmo arranque do ano, o IEJO somou 82,7 milhões de euros.

Os números oficiais do SRIJ mostram que o impulso homólogo veio sobretudo da margem nas apostas à cota, ao passo que o efeito calendário e a normalização pós-Q4 explicam a queda em cadeia. No detalhe de preferências, o futebol continuou a dominar as apostas, seguido pelo ténis e pelo basquetebol.

Já no casino online, as slots mantiveram uma fatia próxima de oito em cada dez euros apostados, confirmando a sua centralidade no mix. Estes padrões têm sido consistentes nas leituras trimestrais e ajudam a enquadrar o papel dos jogos de fortuna ou azar no semestre.

T2 2025: Casinos sustentam o crescimento trimestral

Entre abril e junho, a receita bruta total dos operadores online passou para cerca de 287 milhões de euros, um acréscimo marginal face ao trimestre anterior e uma subida de 9,6% em termos homólogos. O motor foi o segmento de jogos de fortuna ou azar, que atingiu 177,8 milhões de euros, com aumento em cadeia e face a 2024.

Em contrapartida, as apostas desportivas recuaram em cadeia, refletindo um calendário competitivo menos denso e maior volatilidade na margem. O volume total de apostas nos jogos de fortuna ou azar cresceu tanto em relação ao primeiro trimestre como à base de 2024, sinal de procura resiliente.

Do lado fiscal, a contribuição trimestral do setor caiu 1,8% face ao primeiro trimestre, para 81,2 milhões de euros, mas manteve ganho homólogo. No balanço do semestre, o quadro confirma a capacidade do IEJO de gerar receita estável, com oscilações típicas entre trimestres compensadas por uma base de utilizadores em expansão.

Quem joga e de onde: Retrato de utilizadores e registos

A geografia dos registos revela uma concentração nos grandes centros urbanos. Lisboa representa 21,7% e o Porto 21,1% do total, seguidos por Braga, Setúbal e Aveiro, que somam cerca de um quarto adicional.

Em termos etários, 77,8% dos registos pertencem a utilizadores com menos de 45 anos, com especial destaque para o intervalo 25-34 anos, que reúne 33,5%. O segundo trimestre contabilizou 211 mil novos registos e 135,5 mil cancelamentos, num universo de 17 operadores online licenciados.

O total de contas com prática de jogo atingiu 4,866 milhões, numa progressão de 1,6% face ao trimestre anterior. Este retrato confirma um público maioritariamente jovem-adulto, com forte adesão digital e padrões de utilização que favorecem sessões curtas, repetidas e móveis.