A unidade da Sumol Compal em Almeirim registou na quarta-feira, dia 12 de novembro, uma greve de 24 horas por parte dos trabalhadores, convocada pelo Sindicato Nacional dos Trabalhadores dos Setores Alimentar, Bebidas, Agricultura, Pesca e Serviços Relacionados (STIAC). A concentração decorreu junto à rotunda da Avenida João I, no Parque da Zona Norte, a partir das 9h00, e afetou o funcionamento de algumas linhas de produção durante todo o dia.
De acordo com Marcos Rebocho, dirigente sindical do STIAC, “houve linhas de produção que não funcionaram durante todo o dia e a empresa chegou a ligar a vários trabalhadores para virem mais cedo”, o que confirma o impacto da greve na operação da fábrica. Desta vez, a adesão foi de cerca 65% a 70%, menor do que no dia 7 de maio, quando a participação dos trabalhadores rondou os 85% a 90%, e comparável à paralisação realizada em agosto, nos dias 12 e 13.
O sindicalista destacou que o principal objetivo desta paralisação é a negociação de aumentos salariais, com uma reivindicação na ordem dos 150 euros mensais, e a reabertura do contrato coletivo de trabalho, que está parado desde 2009. “Os trabalhadores perderam progressão na carreira e ainda existem desigualdades salariais significativas”, sublinha Marcos Rebocho.
O dirigente sindical recordou ainda que, em greves anteriores, o sindicato entregou moções com um prazo de 30 dias para resposta da empresa. “Na última greve, não tivemos nenhuma resposta formal, mas a empresa acabou por tomar medidas, como ajustar o subsídio dos turnos e atribuir o prémio trimestral mais elevado dos últimos anos”, acrescenta. Para esta greve, será também entregue um caderno reivindicativo detalhando todas as exigências.
Segundo Marcos Rebocho, as medidas adotadas pela empresa até o momento “não chegam” para resolver os problemas dos trabalhadores. Entre as reivindicações estão a valorização das categorias profissionais, a atualização dos subsídios de alimentação e de trabalho noturno, a concessão de 25 dias úteis de férias, a redução da semana laboral para 35 horas, a progressão nas carreiras e melhorias nas condições gerais de trabalho.
A unidade da Sumol Compal de Almeirim, que foi o maior empregador do concelho durante décadas, registou, em 2024, lucros que rondam os 14 milhões de euros, segundo Marcos Rebocho. No entanto, o mesmo afirma que “esses ganhos não se traduziram em melhorias proporcionais para os trabalhadores”.
A greve contou ainda com manifestações de solidariedade política. A Direção da Organização Regional de Santarém do PCP (DORSA) enviou uma nota de imprensa de apoio aos trabalhadores, a saudar “a luta por aumentos salariais, pela valorização das categorias profissionais, pela negociação do contrato coletivo e contra o pacote laboral que agrava a exploração”. Em comunicado, o PCP reforça ainda a importância da unidade e da ação organizada para a defesa dos direitos laborais.
Esta paralisação faz parte de um ciclo de protestos que inclui as greves de maio e agosto e reflete as reivindicações persistentes dos trabalhadores da Sumol Compal por salários justos, valorização das carreiras e melhores condições de trabalho.












