José Carreira tomou, recentemente, posse para o último mandato no Agrupamento de Escolas de Almeirim. A gestão do Agrupamento de Escolas de Almeirim tem um rosto desde 2006. Nesta entrevista, passamos em revista o desenvolvimento do agrupamento e olhamos para o futuro.
O que o motiva para mais um mandato?
A minha motivação é a sensação de que ainda posso contribuir para o bom funcionamento do Agrupamento de Escolas de Almeirim (AEA), ao mesmo tempo que sinto que os elementos da Comunidade Educativa se manifestaram nesse sentido. Também tenho uma equipa de direção competente que se disponibilizou a acompanhar-me nos próximos quatro anos.
Já sente alguma nostalgia por ser o último?
Não. Para já, não penso nisso. Esse sentimento poderá aparecer quando me aposentar, agora continuo a sentir um gosto enorme de estar nas escolas, contactando com todos os elementos da comunidade, procurando encontrar soluções para os problemas que surgem.
Vai começar a preparar a sucessão?
Essa questão não faz sentido, porque a Direção de uma Escola/Agrupamento não é um reinado. As escolas têm muitos docentes com curso de administração escolar que podem candidatar-se sempre na altura própria. Foi assim comigo, quando iniciei, e assim será quando eu terminar.
Quais as maiores mudanças no ambiente escolar neste período em que está como diretor?
Têm sido muitas. Destaco a transferência de competências para a autarquia, determinada pelo estado central. No início o AEA era dependente do Ministério da Educação e agora é mais dependente da Câmara que tem responsabilidade sobre os Assistentes Técnicos, Operacionais e Infraestruturas. Existe uma necessidade permanente de articular com a autarquia para o funcionamento das escolas e também na realização de algumas atividades.
Nas infraestruturas existiram muitas melhorias?
Das dez escolas que constituem o AE Almeirim, nove foram renovadas. Hoje as condições são melhores, no entanto, há ainda algumas necessidades a suprir e melhorias a fazer. Faltam algumas salas, visto que o número de alunos tem tendência a aumentar e a Câmara utiliza alguns espaços para as Componente de Apoio às Famílias que a escola necessita permanentemente, para as suas turmas. Essa situação é mais evidente na Febo Moniz.
E ainda faltam as obras na Marquesa da Alorna? Almeirim fica preparado para os próximos 50 anos?
Sim, há a expetativa que a requalificação da escola sede do AEA aconteça, no entanto, não posso avançar com data para o início. É um dossier que está nas mãos da autarquia e do governo. Quando acontecer, será fantástico, pois o projeto existente está muito bom. O período das obras será penoso, mas valerá a pena, sem dúvida.
Como correu este ano letivo?
Posso dizer que o ano letivo correu bem. No entanto, num Agrupamento de dez Escolas que conta com cerca de trezentos professores, quase dois mil e quinhentos alunos, distribuídos desde o pré-escolar ao ensino secundário e mais de cem assistentes operacionais, há sempre situações inesperadas que acontecem e que temos de resolver. Estes poucos casos, acabam por vezes, por dar uma imagem errada do ambiente da(s) escola(s). Muitas vezes, as redes sociais e as notícias nos orgãos de comunicação social geram comentários que acabam por distorcer a realidade dos factos e criar polémicas desnecessárias. Necessitamos que os encarregados de educação acreditem no trabalho feito na escola e estamos sempre disponíveis para dialogar e discutir os assuntos, encontrando soluções de uma forma independente e legal.
Os exames têm corrido bem?
Os Exames e Provas decorreram sem problemas de maior. Foram preparados cuidadosamente pelos Docentes e Não Docentes, para que os alunos pudessem fazer as suas provas com a maior das tranquilidades. Foi isso que aconteceu, sendo de salientar, pela negativa, o facto de alguns, poucos alunos, terem chegado atrasados à chamada para as provas/exames. Nesses dias, é muito importante o cumprimento de uma serie de regras que, por vezes, são descuradas pelos alunos, apesar dos inúmeros avisos dos professores.
E como perspetiva o próximo ano letivo?
Estamos a preparar já o ano letivo 25/26. Esperamos sempre que que o próximo ano seja melhor que o anterior. Iremos continuar a trabalhar sob o lema, “Preparar para o Futuro”, tendo como tema orientador Construir Respeito(s), que se estende a todos os níveis de ensino e a todas as dimensões da ação educativa. Respeitar é mais do que uma atitude: é um princípio de construção coletiva, que se enraíza na escuta, na empatia, na valorização da diversidade e no compromisso com o outro. Neste contexto, o AEA procura afirmar-se como um espaço de aprendizagem e convivência, onde se cultivam não apenas conhecimentos, mas também valores.
A oferta de cursos/áreas vai aumentar?
O AEA já tem uma oferta Plena de cursos, deste o pré-escolar ao Ensino Secundário, tendo neste nível de ensino, além das quatro áreas do regular (Línguas e Humanidades, Ciências Socioeconómicas, Ciências e Tecnologias e Artes Visuais), seis cursos de Ensino Profissional (Multimédia, Gestão de Equipamentos Informáticos, Desporto, Logística, Ação Educativa e Turismo Ambiental e Rural). Esta oferta é feita de acordo com o que tem sido o anseio dos alunos e do tecido empresarial da região.
Qual a posição sobre a questão dos manuais digitais?
Para já, não vamos avançar para esta solução, pois existem carências em termos de Internet e de Portáteis. Terá que haver uma melhoria nesse aspeto. Bem como uma responsabilização maior dos alunos para que esta opção de manuais digitais resulte.
Ainda temos alunos com problemas no acesso aos computadores portáteis?
Sim. Existem ainda alunos sem Kit digital, alguns poucos, ainda não o receberam e outros que têm Kits atribuídos, mas que, por desleixo, os danificam e depois, quando são necessários, não os podem utilizar. É por aí que as coisas têm que mudar, um maior cuidado a ter com estes equipamentos e uma responsabilização para os descuidados.

Telemóveis: “Almeirim foi que mais publicitou a medida”
Um assunto sensível é o dos telemóveis. Ou já não é um assunto?
Esta é uma questão importante para as escolas. Enquadro este assunto nos temas relacionados com a saúde dos jovens. Desde sempre, a escola se preocupou com consumos em excesso de droga, tabaco, bebidas alcoólicas e alimentos que provocam obesidade. No caso dos telemóveis, o mal é o excesso de utilização, uma autêntica adição que prejudica a saúde mental dos jovens e também origina situações disciplinares entre os jovens. A aplicação da medida reduziu em muito estes casos, bem como melhorou o convívio nos recreios.
Sente que Almeirim foi pioneiro nas restrições?
Sinto que Almeirim foi que mais publicitou a medida, o que ajudou em muito à discussão do assunto e a generalização da medida a todo o País como já foi divulgada pelo Ministro da Educação.
Sente saudades de dar aulas?
O meu trabalho no dia a dia não é a lecionar, mas muito perto das salas de aula. Se tivesse disponibilidade, podia lecionar uma turma, mas como a minha agenda diária muda inesperadamente, nunca quis assumir esse compromisso, pois poderia ter de faltar às aulas, para tratar de assuntos inesperados que surgem frequentemente. No entanto, sempre que posso, vou às salas e sinto-me muito bem.