Encerramento do aterro da Raposa só será decidido após eleições autárquicas

A empresa intermunicipal Ecolezíria admite encerrar o aterro da Raposa, em Almeirim, nos próximos meses, dependendo da produção de resíduos dos concelhos aderentes. A informação foi avançada pela própria empresa, citada pela Agência Lusa, que acrescenta que as conclusões técnicas sobre o futuro da infraestrutura só serão conhecidas depois das eleições autárquicas, cabendo ao próximo Conselho de Administração tomar a decisão final.

Em causa está uma petição pública, já com mais de 600 assinaturas, que exige o encerramento do aterro, alegando riscos ambientais, falta de fiscalização e ausência de transparência. O movimento de cidadãos surgiu após um incêndio ocorrido em abril no recinto, junto à Estrada Nacional 114.

Um dos porta-vozes, Filipe Casimiro, afirmou à agência noticiosa que a população “não tem respostas, nem datas ou planeamento estratégico” e sente-se “desconsiderada e sem acesso a informação clara sobre o funcionamento do aterro”.

Em resposta, a Ecolezíria garante que o Título Único Ambiental está válido até 28 de setembro de 2028 e que todos os relatórios técnicos são comunicados às entidades oficiais. Quanto ao incêndio, esclarece que os focos ocorreram “no parque de monos e não no aterro”, estando a ser aplicadas medidas de separação e cobertura dos resíduos para evitar novos incidentes e reduzir maus odores.

A empresa sublinha ainda que “sempre teve a preocupação de garantir que o aterro não cause impactos ambientais ou de saúde pública” e reconhece a petição como uma “preocupação legítima” da população.

A Ecolezíria é responsável pela gestão, tratamento e valorização de resíduos urbanos em seis concelhos da Lezíria do Tejo (Almeirim, Alpiarça, Benavente, Cartaxo, Coruche e Salvaterra de Magos), abrangendo mais de 120 mil habitantes.

Recorde que em setembro de 2024, a Ecolezíria tinha já confirmado, através das redes sociais, que estava a preparar o encerramento do Centro de Tratamento de Resíduos Sólidos Urbanos da Raposa, conhecido como aterro sanitário, garantindo que o espaço seria transformado num “monte verde”.

Na altura, a empresa assegurava que o projeto técnico de encerramento da célula do aterro estava em marcha, com trabalhos de modelação, cobertura e hidro sementeira previstos. O objetivo final seria a recuperação paisagística do local, mantendo apenas a exploração de biogás e o tratamento de lixiviados.

Contudo, quase um ano depois, e apesar das declarações de intenção, a Ecolezíria afirma agora — em resposta à Agência Lusa — que a decisão definitiva sobre o fecho do aterro só será tomada após as eleições autárquicas deste ano.

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