As florestas do nosso Ribatejo, têm sido ano após ano um símbolo da transição entre a cidade e o meio rural. Mais do que um mero cenário rústico, são um ecossistema vital para a biodiversidade, para a regulação do clima e para a sustentabilidade económica local.
No entanto, esta riqueza natural está hoje ameaçada por uma combinação de abandono rural, monoculturas desordenadas e abate extensivo para proliferação de centrais fotovoltaicas, que crescem a olhos vistos tudo por uma energia mais limpa.
A floresta tem sido muito maltratada pelos sucessivos governos, a floresta é um ativo biológico tremendo e deve ser tratado e cuidado como tal. É impossível falar das florestas ribatejanas sem mencionar a predominância do pinheiro-bravo, do sobreiro e do eucalipto. Embora o eucalipto traga rendimento rápido aos proprietários, a sua proliferação descontrolada tem implicações graves: aumento do risco de incêndios, empobrecimento do solo e perda de espécies nativas. A gestão florestal orientada apenas pelo lucro de curto prazo revela-se insustentável a longo prazo.
Os incêndios florestais são considerados atualmente um dos maiores problemas ambientais do nosso País e que nos afetam ano após ano. É por isso urgente encontrar soluções inovadoras, responsáveis e criativas que reduzam o risco de incêndios e protejam a nossa floresta. A falta de investimento na floresta é reveladora da falta de visão dos sucessivos governos na gestão desenquadrada dos nossos espaços rurais.
Dados da AGIF – Agência para a Gestão Integrada de Fogos Rurais, em 2024 Portugal gastou 483 milhões de euros no sistema de fogos rurais, incluindo prevenção e combate, existindo neste caso um aumento no investimento no combate, com um aumento de 8% em relação a 2022, enquanto a prevenção diminuiu em 20%.
Este paradigma necessita de pensamento critico e visão de futuro, nos países mais desenvolvidos gasta-se mais no desenvolvimento de florestas sustentáveis e sem fogos, do que no combate aos incêndios que devastam os nossos espaços rurais, aldeias e agricultura de subsistência.
Basta refletirmos sobre o ano de 2017, e falarmos sobre “Os Incêndios de Pedrogão “ – o que foi feito? Garantiu-se a suposta melhoria institucional mas as florestas continuam ao abandono e prontas a serem devoradas pelas chamas. Deveremos reconhecer que há dois tipos de florestas, uma a norte onde o risco de incêndio e a dimensão das propriedades são o maior problema.
Para as florestas do minifúndio no norte é necessário: diminuir o perigo de incêndio e retirar do pequeno proprietário o ónus da limpeza anual ou encontrar formas para que essa limpeza seja efetivamente concretizada e potencializar os exemplos de gestão agrupada. Outro tipo de floresta a sul onde a perda da vitalidade e a diminuição do rendimento estão a colocá-las em perigo. Para as florestas do sul é necessário diminuir o risco de pragas e doenças, apoiar o investimento nas explorações florestais voltar a apoiar a plantação florestal em terras marginais e dar apoios á sustentabilidade florestal dos pequenos produtores para a agricultura da Lezíria Ribatejana que tanto amamos ser um ex-libris de vitalidade e não de desorganização.
Nem tudo está perdido, isto porque com trabalho afincado junto dos proprietários podem ser dinamizados projetos comunitários e iniciativas de reflorestação com espécies autóctones e programas de educação ambiental para que o Ribatejo seja um exemplo de ordenamento do território e das florestas. Estas ações mostram que, com vontade política e envolvimento das populações locais, é possível inverter o rumo.
Apostar na diversificação da floresta, no turismo de natureza e na valorização dos produtos florestais sustentáveis pode criar um novo ciclo de vida para estas terras. É fundamental manter o ministério da agricultura com um trabalho ativo e atento aos problemas prementes da floresta, diminuir a burocracia nos processos de investimento e assegurar que todos os fundos destinados á floresta sejam devidamente aplicados e vistoriados, os dinheiros públicos são sagrados. É necessário criar incentivos fiscais que estimulem o reinvestimento na floresta e incitem o emparcelamento.
A floresta tem futuro e com o Chega esse futuro é de confiança, desenvolvimento e orgulho para todos os portugueses que vivem da terra. A floresta ribatejana não é apenas um recurso — é uma herança. Proteger este património natural é proteger o futuro. Cabe-nos a todos decidir se queremos uma paisagem dominada por cinzas ou por verde vivo.
Flávio Rodrigues – CH Almeirim