“Vamos estar nos melhores palcos”

A equipa de futebol feminino de Sub-19 do U. Almeirim vai, na próxima temporada, jogar no principal escalão do futebol nacional. É um feito inédito e Alfredo Amaral foi o convidado do programa “+ Desporto” para falar da subida. 

Qual o significado da subida das jogadoras sub-19 à primeira liga?

Eu acho que significa bastante para mim, mas o mais importante mesmo é o que significa para o clube. Tentamos atingir o palco onde estão todas as melhores equipas do país neste escalão e podemos desfrutar na próxima época disso mesmo. Os atletas que representam o clube vão ter oportunidade de estar nos melhores palcos, com os melhores adversários e desfrutar de tudo isso. Depois é tentar fazer aquilo que será o melhor possível,  logicamente, mas até lá ainda temos a final para disputar. A subida está garantida, temos agora os dois jogos onde vamos disputar a final e também temos a ambição de querer ganhar porque as finais são feitas para se ganhar.

Que análise é que faz ao percurso da equipa?

Este campeonato é dividido em duas fases: na primeira fase, tivemos uma prestação bastante boa onde tivemos apenas uma derrota, num jogo onde nós já estávamos apurados e que tivemos alguma gestão do plantel. Na segunda fase, tivemos um momento menos bom, uma desconcentração de todos nós, que nos permitiu ficar um pouco sem perceber se conseguíamos mesmo garantir a subida, mas percebemos passado uma semana que estávamos na luta, que estávamos com condições para continuar, com a ambição e com a vontade de garantir essa subida… e conseguimos.

Nessa fase da competição qual o momento chave?

Nós acabamos esta segunda fase com o Futebol Benfica, que é uma equipa bem construída, muito boa. Nós, no momento em que jogámos na primeira volta desta fase com o Futebol Benfica, tivemos uma vitória fantástica 3-1 lá, e nessa fase, nós sentimos que tínhamos todas as condições para ganhar a série. Depois ,na jornada seguinte, tivemos um jogo menos bom, muito mal conseguido e que acabámos por perder em casa. Foi o único jogo que perdemos nesta fase mas acabámos por perder em casa. A segunda volta foi fantástica, recebemos o Vasco da Gama, onde ganhámos categoricamente, sem qualquer hipótese para o adversário. Recebemos o Futebol Benfica e tivemos um jogo com algumas atletas lesionadas que não deram o seu contributo, mas que também foram fantásticas como é normal nesta equipa. São atletas que dão tudo em campo e agora, neste jogo em Beja, um jogo do tudo ou nada, onde elas voltaram a ter uma atitude tremenda e uma qualidade de jogo fantástica, não demos qualquer tipo de hipótese ao adversário. 

Elas foram mesmo fantásticas na aplicação, na dedicação e em tudo.

Quais foram os objetivos que definiram a médio/longo prazo?

O  U. Almeirim, em futebol feminino, e desde o momento em que eu vim para cá, é uma entidade formadora e o objetivo tem sido formar atletas. Logicamente que, ao estarmos inseridos em competições, também as queremos ganhar. 

No primeiro ano que aqui estive conseguimos ser campeões em sub-15, nesse mesmo ano disputámos dois campeonatos, um distrital e um distrital de Lisboa, onde, nesse mesmo ano, acabámos por ficar nas três primeiras classificadas em Lisboa e iríamos disputar o campeonato. Acabou por não terminar depois com o Covid esse campeonato. Fomos aqui campeões distritais. Portanto, o U. Almeirim foi o primeiro campeão distrital feminino no distrito de Santarém. Formámos atletas e, no ano seguinte, houve logo atletas, mesmo no tempo do Covid, que saíram para clubes em Lisboa, chamados grandes. Depois, no ano da Covid, não houve nenhuma competição, houve apenas treinos. Mas eu, nesse ano, não estava cá. No ano seguinte, ou seja, no ano passado, vencemos o campeonato de sub-17 e no sub-19 ficamos na fase de apuramento para a final também. Nessa fase, apanhámos equipas bem mais experientes que nós: o Campeão Nacional, que foi o Torreense e Ourique de Beja, que é uma equipa basicamente mais velha que a nossa e que nós não tivemos condições para chegar aos lugares cimeiros. Ficámos em terceiro na nossa série. Este ano voltámos a vencer o interdistrital sub-17 e sentíamos que havia condições para ir mais além. Havia um ano de experiência onde nós não tínhamos conseguido chegar à final ou subir mesmo de divisão, mas havia a experiência ganha e havia uma sensibilidade da nossa parte que podíamos fazer algo mais. Logicamente que agora é muito fácil falar e dizer que era esse o objetivo. Internamente, tinham sido traçados alguns objetivos e esse tinha sido um objetivo traçado pela estrutura. Se o conseguimos ou não, estávamos na luta e iríamos tentar. Felizmente, conseguimos e estamos satisfeitos, por isso, e penso que toda a direção, também está satisfeita por isso.  Agora falta mesmo o final para ser o culminar de todos os objetivos traçados.

O escalão sub-19 absorve também algumas jogadoras do escalão sub-17?

A nossa equipa de sub19 não tem nenhuma jogadora sub-19, nós temos três jogadoras sub-18 e são quase todas as outras sub-17, sub-16 e inclusivé uma sub-15 que tem dupla subida para poder jogar nas sub-19. A nossa equipa é basicamente sub-17, sub-16 e três jogadoras sub-18.

O clube tem condições para o ano participar na Liga 1 de sub-19?

Eu, se calhar, não sou a pessoa mais indicada para lhe responder a isso agora, quando se fala em condições. Quando falo em condições, não falo só em questões financeiras. Falo também em questões de estrutura e a nível de instalações, de qualificação e de recursos humanos. Em relação à qualificação dos recursos humanos, há uma coisa que hoje é obrigatória e que todas as pessoas que trabalham nesses escalões, para poderem estar federadas, têm de ter formação, e por aí, ou cumprimos, ou então não podemos estar.  Em relação a tudo o resto, nunca as condições são as essenciais, toda a gente quer sempre mais condições. Temos as que temos e eu posso-lhe dizer, garantidamente, durante o tempo todo que tenho estado em Almeirim – e uma das coisas que também me faz estar aqui é que já trabalhei na U. Almeirim com três direções, nunca me faltou nada – têm garantido sempre, a todas as atletas, aquilo que é possível. Se queremos mais, é claro que sim nós queremos sempre mais. Em relação àquilo que me perguntou, ao campeonato ser aquilo que é, eu acredito que existe bom senso da parte da direção para que saiba também onde é que está inserido e, como tal, acredito nas pessoas e acredito que sim, que vamos ter condições para fazer as coisas.

Entrevista publicada originalmente na edição de 1 de junho de O Almeirinense.