“É uma indústria muito frágil, e acaba por não compensar”

O Cine Teatro de Almeirim recebeu, na tarde do dia 24 de Outubro, um recital da pianista Teresa Palma Pereira.

Entre melodias suaves e agressivas, o público ouvia atentamente o que as mãos de Teresa produziam. E produziram, durante uma hora, diversas pianadas de compositores conhecidos, desde Mozart até Albeniz.

Teresa Palma Pereira tem um doutoramento em Piano, já ganhou diversos prémios nacionais e internacionais, e tem realizado recitais em países como a França, Suécia e China. 

Considerada como uma das pianistas mais talentosas de Portugal, Teresa destaca-se pela sua originalidade. Numa entrevista dada ao O Almeirinense, Teresa revelou que tem uma panóplia de interesses que não passam só pela música. Gosta de escrever e publicou, em 2020, uma obra de literatura infantil. Recusa, contudo, percecionar a escrita como uma segunda carreira: “Por acaso foi um livro que saiu no início da pandemia. Eu gosto de explorar assim outras vertentes, mas não posso vê-los como uma carreira”, diz a pianista. 

Para além da música e da literatura, gosta também de pintar e revelou ao Almeirinense que não toca nenhum instrumento para além do Piano. Quando era mais jovem o “Piano era tão absorvente” que não dava espaço para “experimentar outros instrumentos só por graça”, conta a pianista. 

Este concerto ocorre num momento em que os eventos culturais começam a retomar as suas atividades. Nestes regresso, Teresa admite que foi “ estranho” regressar aos palcos depois dos sucessivos confinamentos. “Foi estranho, senti como os tempos de estudante”, refere.

O confinamento afetou os artistas de formas diferentes e, no caso de Teresa, a rotina a que estava habituada deu lugar à desabituação. “Foi diferente porque os artistas foram, infelizmente, obrigados a estar parados, e de repente, já havia alguma desabituação daquela rotina mais constante”, refere a pianista portuguesa.

Na preparação para os seus concertos, Teresa evita fazer “ escolhas cerebrais”. “Escolho tocar apenas aquilo que eu gosto mesmo”, diz a pianista. Contudo, Teresa admite ter uma particular afeição pela música popular e, em todos os seus concertos, escolhe tocar “compositores que têm alguma raiz popular, que eu aprecio muito”, refere. Quanto a projetos para o futuro, Teresa ainda não tem nada planeado. Quer apenas desfrutar dos concertos ao vivo, e compensar o tempo em que esteve parada. A pianista não pensa, assim, em publicar novos álbuns, até porque a indústria é “muito frágil e acaba por não compensar”.

Em todos os recitais é possível verificar a relação profunda que Teresa possui com o Piano. Essa relação é, segundo a artista, “ intemporal”. “A música desligou-se das pessoas mas esta música é, sem dúvida, intemporal”. E depois de uma hora de concerto, é possível concluir, à boleia do talento de Teresa, que o Piano, após tantos séculos, continua a ser um instrumento relevante.

 O recital incluirá Variações “Ah vous dirai-je maman” e Sonata Kv 281 si bemol Maior de Mozart, “El Albaicin”, de Albeniz, e “Islamey”, de Balakirev.