Concelho de Almeirim fora do aumento de tarifas da água para combater seca

O Governo vai recomendar o aumento da tarifa da água para os maiores consumidores de água em 43 concelhos em situação mais critica de seca. O concelho de Almeirim está fora desta lista, mas segundo apurou O Almeirinense, o município está atento à situação de seca que a região e o país atravessam.

Em declarações ao nosso jornal, Pedro Ribeiro, presidente da Câmara Municipal de Almeirim, manifestou que a autarquia tem “uma preocupação geral nessa matéria”, dando exemplos como a reutilização das águas nos repuxos, os períodos de rega em horário adequado ou mesmo as recentes obras nas piscinas municipais que reduziram as perdas de água.

“Ao longo do tempo temos adotado algumas medidas que foram agora recomendadas pelo Governo. Temos torneiras redutoras no edifícios da responsabilidade da autarquia, a água utilizada nas regas não é de consumo humano, entre outras”, acrescenta.

O autarca esclarece ainda que a seca e os seus efeitos “nos deixa a todos preocupados, mas ainda não estamos no lote de municípios em situação crítica”.

“Pedimos a todos que tenham cuidados redobrados no uso da água, especialmente no momento de seca que o País atravessa”, conclui.

No caso do aumento de tarifas para os maiores consumidores de água, a medida iria afetar os consumidores e teria de ser aplicada a todos os municípios integrados na empresa intermunicipal Águas do Ribatejo.

O governo anunciou 11 novas medidas para combater os efeitos da seca, entre elas a recomendação do aumento das tarifas, a juntar a outras 82 que já tinham sido tomadas em reuniões anteriores. O aumento da tarifa, explicou Duarte Cordeiro, deve dirigir-se a consumidores de mais de 15 metros cúbicos de água, sendo que o consumo médio de uma família é de cerca de 10 metros cúbicos.

Duarte Cordeiro explicou que o aumento da tarifa se destina aos 43 municípios com menos água, adiantando que “nada impede que outros” concelhos o façam. “Recomendaria essa medida para qualquer município do país”, disse.

O Governo, acrescentou Duarte Cordeiro, vai também recomendar restrições no uso da água como a suspensão temporária de lavagem de ruas ou da rega de espaços verdes ou do abastecimento de fontes decorativas, e prevê também um “regime sancionatório para penalizar usos indevidos de água”.

Segundo a lista de concelhos, 40 ficam a norte e centro do país e três no Algarve. São concelhos que têm uma capacidade de água que dá para menos de um ano.

Ainda em relação aos concelhos com menos água o ministro disse que vão ser instaladas torneiras redutoras nos edifícios públicos, com o apoio do Fundo Ambiental, e serão tomadas medidas na área da contabilização da água, para que não haja “volumes de água perdidos ou não considerados para faturação”.

O Governo recomenda também que nesses concelhos a rega se faça durante a noite, e que o setor industrial tenha projetos de eficiência no uso da água.

“O país, como um todo, preserva a capacidade de abastecimento público por mais dois anos”, salientou o ministro, frisando que o Governo está disponível para discutir para as regiões com mais falta de água soluções estruturais, além das medidas pontuais agora anunciadas, “para reforçar a resiliência dos territórios”.

Maria do Céu Antunes disse aos jornalistas que a próxima reunião da CPPMAES se realiza dentro de um mês e lembrou que o país sofre uma “situação difícil” de seca, a “mais grave do século”, e que “os dados não são animadores”.

Ainda assim, referiu a ministra, dos 44 aproveitamentos hidroagrícolas na maioria (37) foi possível a rega e o abeberamento animal, e nas outras sete albufeiras houve “algumas restrições”.

Atualmente, disse, há 49 albufeiras com água a menos de 40% e quatro abaixo de 20% da capacidade, nas quais o Governo recomenda que a rega se faça durante a noite.

A seca prolongada no continente está a afetar as culturas, levou a cortes no uso da água e obrigou aldeias a serem abastecidas com autotanques.

Desde outubro do ano passado até agosto choveu praticamente metade do que seria o normal, segundo o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA).

O IPMA colocava no final de julho 55,2% do continente em situação de seca severa e 44,8 em situação de seca extrema. Não havia nenhum local continental que estivesse em situação normal, ou em seca fraca ou mesmo em seca moderada.