Hospital de Santarém com vários constrangimentos no serviço de urgência

A urgência do Hospital de Santarém está com vários constrangimentos em alguns serviços, como é o caso do serviço de urgência geral e o de ortopedia, situação que levou a unidade de saúde a pedir aos corpos de bombeiros para encaminhar os doentes para outros hospitais da região.

O serviço de urgência geral não recebeu doentes desde as 21h00 de ontem, dia 4 de maio e a até as 9h00 de hoje. Já o serviço de urgência de ortopedia não recebe doentes desde as 20h30 de ontem e estará indisponível até as 8h30 de sábado, 6 de maio.

Também o serviço serviço de obstetrícia, ginecologia e bloco de partos não recebeu doentes entre as 00h00 de dia 4 de maio até às 8h30 de hoje.

No dia de ontem, o Hospital Distrital de Santarém admitiu a falta de médicos no Serviço de Medicina Interna, após o Sindicato Independente dos Médicos (SIM) ter divulgado em comunicado, que 80 por cento dos médicos de Medicina Interna do Hospital Distrital de Santarém (HDS) entregaram minutas de escusa de responsabilidade.

O SIM justifica as escusas de responsabilidade com as “situações muito preocupantes” que se vivem naquele serviço, e o Conselho de Administração (CA) assegura que “sempre zelou pela qualidade dos cuidados prestados e a segurança dos seus utentes e profissionais”.

O HDS admitiu a dificuldade e afirma que esta é uma situação “transversal aos hospitais do SNS” e que, apesar dos esforços, não conseguiu alterar até ao momento.

“O HDS debate-se com carência de recursos médicos no Serviço de Medicina Interna, o que nunca deixámos de referir, realidade transversal aos hospitais do SNS [Serviço Nacional de Saúde] e que, apesar de todos os esforços deste CA, não foi possível até ao momento alterar”, afirma a administração liderada por Ana Infante.

O HDS salienta, numa nota enviada à comunicação social, que “sempre que existem dificuldades na constituição das equipas de urgência e/ou grande afluência de utentes, é solicitado às entidades competentes (CODU, SNS24, ARSLVT) o encaminhamento de doentes para outros hospitais da rede”, situação “que tem sido amplamente noticiada a nível regional e nacional”.

No comunicado publicado no seu ‘site’, o SIM refere a falta de médicos internistas e de assistentes hospitalares de Medicina Interna, “manifestamente insuficientes em número para permitirem a constituição diária, de acordo com as ‘leges artis’, das equipas de Serviço de Urgência (SU) bem como do necessário acompanhamento dos doentes internados no horário disponível para tal”.

Sublinhando que o serviço de Medicina Interna “não se esgota na Urgência externa e no internamento, assegurando também outras valências como sejam a consulta externa, hospital de dia e urgência interna”, o sindicato afirma que as “falhas/faltas nas escalas desta última sobrecarregam ainda mais a equipa” do Serviço de Urgência (SU).

“As escalas de SU, já de si frequentemente deficitárias, são ainda agravadas pela necessidade de serem os elementos destas equipas a muitas vezes assegurem os transportes inter-hospitalares”, acrescenta.

Por outro lado, afirma que a falta de médicos de outras especialidades nas Urgência, nomeadamente de Ortopedia, sobrecarrega ainda mais a equipa de Medicina Interna.

O sindicato acusa, ainda, o Conselho de Administração do HDS de criar “artifícios” para “se furtar a cumprir a lei e pagar horas extraordinárias”, através de “bancos de horas”, que, “por não estarem previstos na Lei, desaparecem da contabilidade hospitalar”.

No comunicado emitido ontem à noite, o HDS desmente esta afirmação, assegurando que “sempre pagou as horas extraordinárias realizadas pelos seus profissionais, de acordo com a legislação em vigor”.

“Este CA sempre zelou pela qualidade dos cuidados prestados e a segurança dos seus utentes e profissionais, prática que não deixará de ter no cumprimento da sua missão enquanto hospital do SNS”, acrescenta.