‘Seca II- Consequências’, por Samuel Tomé

A seca está aí e as consequências são visíveis para todos nós. Normalmente nas zonas mais elevadas, que no caso do nosso concelho corresponde à Serra de Almeirim, as linhas de água são efémeras, ou seja, só corre lá água quando existe uma chuvada intensa.

Num dado momento as linhas de água começam a ser abastecidas pelas toalhas freáticas e a correr de forma permanente. O que se verifica é que o ponto em que a linha de água começa a ser permanente está cada vez mais para jusante.

Podemos dar como exemplo o Vale João Viegas, que atravessa Paço dos Negros. Junto à Escola Primária, há 25-30 anos corria de forma permanente, mas nos nossos dias só corre de forma permanente no troço final, quando atravessa a Rua do Paço. Numa altura de estiagem como a atual, chega a secar na sua totalidade, não contribuindo para o caudal da Ribeira de Muge com consequências para a vida aí existente.

A floresta de monocultura de eucaliptos, e uma agricultura super-intensivas (hoje até se regam as vinhas e os olivais), viradas para a extrema produção, contribuem para baixar a toalha freática. Para além disto, estão a ser retiradas de profundidade as chamadas águas perpétuas, ou seja, águas que estão em reservatórios subterrâneos há milhões de anos, e que quando extraídas não serão repostas, e poderemos ter como consequências abatimentos de terra à superfície, para além da perda de capacidade de abastecimento de água para consumo.

Samuel Tomé – CDU Almeirim