Dignidade

Hoje, perante as dificuldades em assegurar o atendimento médico urgente em várias especialidades, devido à falta de profissionais e os atrasos com que se confrontam milhares de portugueses para obter uma consulta, bem se pode dizer que tinham afinal razão os deputados da CDU ao votarem contra o Orçamento de Estado de 2022, por este não apresentar as respostas necessárias ao reforço do SNS.

A sair de uma pandemia, em que os profissionais de saúde foram o elo fundamental na defesa da saúde da população, todos vêem agora que afinal o OE não aposta na valorização das carreiras e salários destes profissionais, para garantir a sua fixação e incentivar a dedicação exclusiva. Sem as verbas necessárias não haverá consultas, exames, recuperação de cirurgias ou médicos e enfermeiros de família para todos.Durante longos meses, o PCP e os Verdes levaram propostas concretas à discussão com o Governo, mas o PS não quis defender o SNS do brutal ataque a que está sujeito pelos grupos privados da saúde e por isso a resposta que as populações precisavam não chegou e em alguns casos até se agravou, como no nosso concelho.

Recentemente os habitantes da Raposa e de Benfica do Ribatejo ficaram sem médico de família e a solução mais fácil é forçar os utentes a deslocarem-se de madrugada, para Almeirim para tentarem a sua sorte e “apanhar” uma consulta. Não é assim que se garante a dignidade a quem trabalha e/ou necessita do SNS.

João Coutinho Lopes, CDU Almeirim, publicado na edição de 1 de julho.