Rotary: Mês da Educação e da alfabetização

Setembro é, para o movimento rotário, o mês dedicado às questões da Educação Básica e Alfabetização, período coincidente com a abertura de um novo ano escolar e, aproveitado para a reflexão sobre um tema que mantém, infelizmente, grande atualidade.

É sabido que a educação básica e a alfabetização são essenciais para reduzir a pobreza, melhorar a saúde, construir a auto-estima, incentivar o desenvolvimento económico e comunitário e promover a paz. Estima-se que, mundialmente, serão mais de seis dezenas de milhões de crianças que não têm acesso à educação básica e que várias centenas de milhões de pessoas com idade superior a 15 anos permaneçam analfabetas.

Apesar dos progressos registados nessa área, de acordo com um relatório de 2014 sobre o progresso dos Objectivos de Desenvolvimento do Milénio da Organização das Nações Unidas, as taxas de alfabetização entre adultos e jovens estão a subir e a lacuna de género na alfabetização está a diminuir, mas continuam a existir necessidades globais urgentes, como a escolarização dos milhões de crianças que ainda vivem fora dessa realidade ou a melhoria do desempenho, medido nas centenas de milhões de crianças que, no final dos quatro anos de escolaridade primária, continuam a não revelar adequadas capacidades de leitura e escrita, para não falar os muitos milhões de adultos que permanecem analfabetos. No plano nacional, e segundo o Censo de 2011, (ainda não estão disponíveis os dados desagregados do Censo 2021), existem em Portugal cerca de 500 mil analfabetos (160 mil do sexo masculino e 340 mil do feminino), número que, comparado com os 10,5 milhões de habitantes registados nesse ano, representa aproximadamente 5,7% da população nacional, enquanto estudos diversos apontam para uma relação direta entre a baixa escolaridade e o número de mortes maternas ou para um significativo aumento da taxa de sobrevivência dos recém-nascidos oriundos de meios familiares com baixa escolaridade.

Mesmo reconhecendo que muito foi feito na redução da taxa de analfabetismo dos 25,7%, registados em 1970, até aos 5,7% em 2011, muito ainda pode e deve ser feito para atenuar o impacto negativo que se sabe terem as actuais taxas de analfabetismo sobre as gerações futuras (quanto menor é o nível de formação dos pais menor é o incentivo transmitido aos jovens no sentido de aumentarem esse mesmo nível) e sobre os níveis de abandono escolar, que em Portugal se situam nos 14% (dados de 2016), quando a média da UE (28 países) era de 10,7%.

Sabendo-se que a educação é a forma mais prática e o caminho mais correto para o desenvolvimento de uma nação, não podemos pensar num país plenamente desenvolvido, ou seja, com estabilidade económica e uma política social justa e humana, com homens públicos conscientes e responsáveis, sem primeiro pensarmos na educação e na formação cultural do seu povo. É fundamental interiorizarmos a ideia que a educação é um princípio basilar que deve ser uma prioridade básica para uma sociedade que vise atingir o pleno desenvolvimento social, político, económico, científico e cultural. Se sem educação não se constrói um país com futuro, sem uma clara aposta na educação e na formação continuaremos a viver numa sociedade propensa à pobreza, a ter problemas de saúde e a vivermos isolados num mundo cada vez mais dependente da utilização dos modernos meios de comunicação e informação.

Procurando juntar os princípios de altruísmo e solidariedade que distinguem o movimento rotário ao processo de aquisição de conhecimentos, vem procedendo o Rotary Club de Almeirim, desde a sua fundação à atribuição anual do prémio Aluno Melhor Companheiro, para distinguir na comunidade escolar os alunos que mais do que pelo aproveitamento escolar se destaquem pela solidariedade e o companheirismo.