Almeirim – Como cresceu a cidade

Há tempos que não escrevo sobre o desenvolvimento da cidade (quem a pensou, projetou e quem a construiu), mas num momento como este justifica-se um ponto de situação, uma memória e reflexão muitas vezes esquecida. Como se desenvolveu a cidade depois do 25 de abril 1974 e depois da elaboração do Plano Diretor Municipal de Almeirim nos anos 80 (1988/89) até aos nossos dias?! Como os diferentes executivos da CMA encararam /trataram os técnicos que, com novos projetos e ideias, contribuíram para o desenvolvimento e futuro da cidade. Em conjunto tudo foi pensado a médio e longo prazo. Tudo foi planeado e projetado por equipas técnicas desejavelmente em diálogo com os executivos. Tudo estaria bem se os executivos políticos não esquecessem muitas vezes o papel determinante dos técnicos criativos. Que memórias ficam da história da cidade?! Como a vila rural de casas baixas ascendeu a cidade?! Proponho, pois, uma listagem das mais significativas e proponho, pois, intervenções para que os leitores pensem e relembrem as suas razões. Quem projetou, quem fez e com que objetivos.

1- Urbanização da Zona do Ciclo/Biblioteca- Habitação coletiva, E.Verdes e Lago- (1975)            

2- Campo de jogos com Pista Atletismo/ Ringue e Futuro Pavilhão Gimnodesportivo (1975) 

3- Jardim dos Charcos e Parque Infantil (1975)                                                                                                                                                            

4- Zona Industrial de Almeirim (1975/…)                                                                                                                             

5- Parque das Laranjeiras /Pça Lourenço de Carvalho  (1975)                                                                            

6- Zonas novas de Expansão Habitacional (PPs Norte e Nascente) – (1989/….)                                 

7- Parque Urbano Norte (arborizado, relvado, lago, piscina e campos de jogos)- (1989/…     

8- Estádio Municipal de Almeirim (1989/….)                                                                                                          

9- Via Circular Urbana (construção faseada faltando apenas o último troço) – (1989/….)   

10- Parque das Tílias (Estacionamento e Festas da cidade) – Restaurantes e Praça Touros                                                                                         

A Urbanização da zona do Ciclo/Biblioteca foi a mais importante realização no dealbar democrático de 1974. Criou a unidade de Almeirim, um novo Centro Cívico que preencheu o vazio que separava a zona antiga dos bairros populares do Pupo e das Poupas. A par do equipamento cultural e desportivo promoveu a construção de habitação municipal e cooperativa em altura (3 pisos) criando a nova imagem da vila, a imagem do futuro. A construção do campo desportivo e do ringue (futuro Pavilhão Gimnodesportivo) foi das mais importantes iniciativas de então. Respondeu à ocupação dos jovens, desenvolveu a pista de atletismo e o futebol juvenil, a ginástica e o hóquei em patins, como ninguém pode esquecer. Esteve na origem dos 20 Kms de Almeirim e das inúmeras provas desportivas cultivadas até hoje.  O Jardim dos Charcos respondeu logo em 1975 à falta de espaços verdes com um parque infantil que encantou e tornou vivida a zona sul da vila, até então meio esquecida. Determinada a localização e aquisição de terrenos a longo prazo foi planeada a Zona Industrial de Almeirim logo em 1974/75 como aposta primordial ao futuro desenvolvimento económico. A aquisição do terreno para estacionamento e praça pública central no então designado Parque das Laranjeiras foi sentida de imediato, ao tempo da Comissão Administrativa (1975).  Não podemos deixar de referir a construção de um bairro de habitações a custos controlados e aquisição por jovens casais.  

A elaboração do Plano Diretor Municipal de Almeirim em 1988/89 pelo então Presidente da CMA Alfredo Bento Calado mostra bem a importância então atribuída ao Planeamento Urbanístico, ao pensar a cidade do futuro a médio e longo prazo. Para o efeito foi constituída uma equipa técnica pluridisciplinar que incluiu as mais diversas áreas (Urbanismo, Arquitetura, Engenharia, Geografia Humana, Economista, Historiador-Cultura, Técnico Agrícola, Jurista, e Apoio administrativo). Foi um verdadeiro Plano Estratégico pois abrangeu todo o concelho, sabendo que o presente artigo se refere apenas à sua sede – a cidade de Almeirim. Foram determinadas as principais zonas de expansão habitacional (Norte e Nascente), equipamentos e funções, entre as quais o Parque Urbano da zona Norte, o Estádio Municipal e a Circular Urbana que determina os limites do perímetro urbano a longo prazo e simultaneamente cria uma alternativa viária que evita a travessia da vila- cidade por carros pesados. A ideia e o seu projeto foi traçado pela equipa técnica e não pelo executivo. Mereciam por isso ser referenciados os seus técnicos criadores (PDM 1988/89) junto do nome do Presidente a quem foi atribuído o seu nome. Ninguém questiona a justa homenagem aos executivos políticos que adjudicaram e construíram as sucessivas fases/troços, mas é de mínimo merecimento  referenciar nas placas inaugurais os técnicos criadores (PDM 1998/89) e as empresas envolvidas. Para estar totalmente construída falta apenas o último troço de ligação á estrada de Alpiarça. Como é sabido estava prevista, sem prazo, a criação de uma variante viária IC que deveria evitar a travessia dos diferentes aglomerados (Almeirim. Alpiarça, Chamusca,…) mas cuja realização ainda hoje não se antevê. Passados 30 anos ficou clara a justificada criação da Circular Urbana proposta no PDM de Almeirim.  

O Parque Urbano foi uma aposta certeira de qualidade, com toda a arborização adulta que em boa hora foi preservada. A existência do lago e proximidade das piscinas municipais, o Café esplanada, o Parque Infantil, os Equipamentos desportivos (campos de ténis, pista de bicicletas, petanca, ginástica de manutenção) e as vastas zonas relvadas com sombras frondosas dizem bem do uso e qualidade daquele espaço. A criação do novo Campo de Futebol / Estádio Municipal, foi questionado na altura (para quê um 2º estádio?) quando a realidade veio dar razão à sua proposta, hoje com campos de preparação desportiva que respondem às necessidades atuais. A construção complementar do conjunto de apoio às associações locais foi uma aposta positiva. 

Tudo estaria bem se os executivos não esquecessem o papel determinante dos técnicos criativos. E isto aplica-se aos planos urbanísticos como aos edifícios que deveriam ter nas suas placas inaugurais o nome da entidade local e nacional complementados com o nome dos autores projetistas: Gab. Arquitetura, Engºs Especialidades e Construtor como é prática em muitas outras cidades. Porque não o fazer nos edifícios de construção relativamente recente, como a Biblioteca Municipal, a Remodelação do Cine- Teatro, a Reabilitação da Capela do Divino Espírito Santo ou a ampliação da Câmara Municipal, as Escolas diversas, os projetos de Espaços Verdes e de recreio como é o caso da envolvente da Biblioteca ou o magnífico Parque Urbano, à semelhança do arranjo exemplar do Largo General Guerra com a assinatura do Arqº Ribeiro Teles?!… Foi também exemplar a colocação de uma placa inaugural no Parque das Tílias (estacionamento e Festas da cidade) que incluía os nomes do representante do Governo, do Presidente da CMA, do Gabinete Projetista e do Construtor. Pena é que a fragilidade da placa permitisse a sua destruição e não tenha voltado a ser reposta.  

Mas é de realçar como o executivo em exercício, e em fim de mandato, tomou importantes iniciativas e projetos dos quais destacamos a construção do Crematório cemiterial, do  ajardinado lateral ao Pavilhão (em acabamento) e como conseguiu negociar e acolher a construção da  Central de distribuição da “Mercadona”, com condições de licenciamento que permitiram: a compra da “Horta d’El Rei” (á tanto esperada) para estacionamento de apoio ao centro histórico da cidade – Jardim da República, Cine- Teatro e Mercado Municipal, que aguarda uma remodelação modernizada com serviços públicos e presença cultura. A construção do IVV (Imóvel Valências Variadas) com sala de espetáculos de dimensão significativa, que respondeu á reduzida capacidade do Cine- Teatro para certos eventos. Muito relevante foi a compra do terreno (com Plano de Pormenor elaborado em 1988/89) com a intenção municipal de construir Habitações de baixo custo e aquisição acessível, a concretizar em próximo mandato. É justo realçar ainda como os últimos mandatos registaram um constante controle financeiro e como foram aproveitados apoios financeiros de candidaturas europeias.


Elias Rodrigues