Nas últimas décadas, a juventude tem enfrentado um conjunto de dificuldades que condicionam fortemente a sua autonomia, estabilidade financeira e bem-estar geral. Estes desafios resultam de profundas mudanças nos contextos económico, social e político, e não se limitam a questões individuais. Entre os problemas mais significativos encontram-se a dificuldade no acesso à habitação, a necessidade de conciliar trabalho com estudos devido ao aumento do custo de vida, e a emigração forçada em busca de melhores condições económicas.
A habitação constitui um dos maiores obstáculos à independência jovem. A constante valorização do mercado imobiliário, aliada à estagnação salarial, impede muitos jovens de adquirirem ou alugarem uma casa de forma autónoma. Como consequência, verifica-se o prolongamento da permanência na casa dos pais, o que tende a atrasar a construção de um percurso pessoal e familiar. Em países como Portugal, a média de idade para a saída do domicílio parental já ultrapassa os 30 anos.
Paralelamente, o aumento do custo de vida tem levado muitos jovens a trabalhar enquanto estudam, como forma de garantir a sua subsistência. Embora este esforço revele uma forte capacidade de adaptação, levanta questões importantes relacionadas com o cansaço físico e mental, a qualidade do desempenho académico e o equilíbrio pessoal. A conciliação entre estas duas esferas da vida exige um esforço considerável, muitas vezes com impacto negativo na saúde e nas oportunidades futuras. A emigração, por sua vez, surge como uma alternativa para muitos jovens que, face à falta de perspetivas no país de origem, procuram melhores condições laborais no estrangeiro. No entanto, esta saída, muitas vezes indesejada, representa uma perda de capital humano e enfraquece as redes de apoio familiar e social.
A emigração, por sua vez, surge como uma alternativa para muitos jovens que, face à falta de perspetivas no país de origem, procuram melhores condições laborais no estrangeiro. No entanto, esta saída, muitas vezes indesejada, representa uma perda de capital humano e enfraquece as redes de apoio familiar e social.
Outros fatores estruturais agravam ainda mais este cenário, como a instabilidade laboral, a escassa valorização do mérito e as dificuldades no acesso a cuidados de saúde mental. Estas circunstâncias contribuem para um sentimento generalizado de frustração, insegurança e falta de perspetiva quanto ao futuro.
Deste modo, torna-se evidente a necessidade de políticas públicas eficazes que respondam de forma estruturada às necessidades desta geração. O reforço do apoio ao ensino superior, a promoção da habitação acessível e a valorização do trabalho jovem são medidas essenciais para garantir que os jovens possam desenvolver os seus projetos de vida com dignidade, autonomia e confiança no futuro.
Inês Silva – PS Almeirim