David Ribeiro Telles: O Mestre

Nasceu em Almeirim a 11 de novembro de 1927, filho de um ganadeiro e criado até aos 11 anos entre Almeirim e Coruche. Cresce em contacto com cavalos e toiros, começando a montar com o seu avô materno, David Luizelo Godinho, residente em Almeirim. Acompanha o pai no campo, convive com os campinos, adquire muitos conhecimentos na arte de cavalgar, mantendo um convívio com os filhos de António Luís Lopes.

Participa nas garraiadas da Escola de Regente Agrícolas de Santarém, tendo ingressado neste estabelecimento de ensino em 1938. Anos mais tarde, decide continuar nesse rumo e começou a tirar um curso superior de Regentes Agrícolas em Coimbra, que depois abandona por motivos familiares. Toureia pela primeira vez em agosto de 1948, como cavaleiro amador na Praça de Toiros de Coruche, com o apoio e influência do seu avô, de António Luís Lopes e do cavaleiro José Tanganho, nas festas de Nossa Senhora do Castelo, alternando com Alberto Luís Lopes e com os matadores Carlos Vera e Aguado de Castro.

Adquire o cavalo “Espartero”, com ferro Gama, que ao longo dos anos se revela um cavalo extraordinário e com o qual alcança grandes êxitos. Após a morte deste cavalo, David Ribeiro Telles mandou embalsamar a cabeça dele. Em 18 de maio de 1958, recebe das mãos de Alberto Luís Lopes, a alternativa na Praça de Toiros do Campo Pequeno, tendo como testemunhas os matadores Abelardo Vergara e Curro Romero. Toureia nas várias praças de toiros do país, vai a Espanha tourear em “Las Ventas”, em Madrid, a França, Angola e Moçambique.

Em 1954, Mestre David casa com Maria Isabel de Castro Palha Van Zeller. Em 1958, na Praça de Toiros do Campo Pequeno, é-lhe concedida a alternativa pelo cavaleiro Alberto Luís Lopes. Em Espanha, apresenta-se pela primeira vez em 1960, em Madrid, onde voltou por mais seis vezes. Um ano depois, desloca-se a África para se apresentar em Lourenço Marques (atual Maputo) com José Trincheira, Manuel Conde e José Júlio. Mais tarde, voltou nove vezes sendo que numa delas inaugurou a Praça de Luanda. No ano de 1968, em Macau, faz uma série de 11 corridas em apenas 12 dias com Manuel dos Santos. Após o sucesso em Espanha, onde corta quatro orelhas, exibe-se em Sevilha
onde enfrenta de uma forma extraordinária, o maior touro da sua vida, o qual pesava 660 quilos.

Mais tarde participa com João Núncio em algumas corridas, em Lisboa. Este farda-se no Grupo de Forcados de Santarém e pratica a lide apiada. Apesar de todo o seu sucesso, nem tudo são rosas: sofre, como é natural, algumas colhidas e violentas. Participou em diversos rides (exemplo: Lisboa – Madrid) e é apaixonado pela modalidade de condução de atrelados.

Participa também no filme “Sol e Vento” como lavrador e ganadeiro. Apesar de ser cavaleiro tauromáquico, concedeu mais de uma dezena de alternativas, entre as quais a de seus filhos António e João, e netos João Telles JR. e Manuel Telles Bastos. Em 1991 foi condecorado pelo Secretário de Estado da Cultura com a Medalha de Mérito Cultural. Retirou-se das arenas, mas continua ligado ao toureio, orientando as carreiras dos seus filhos.

A 20 de junho de 2016, David Ribeiro Telles, na altura com 88 anos, faleceu na sua herdade, em Coruche. Já em 2020, a Câmara Municipal de Coruche deliberou, por unanimidade, atribuir o topónimo “Avenida Mestre David Ribeiro Telles” à artéria circundante à Praça de Toiros de Coruche.