‘Algumas gentes de Almeirim…’, por Augusto Gil

Ficou para a História Popular de Almeirim o nome sobejamente conhecido pela Alcunha “ A Camila”, filha da D. Luisa Pelota, que durante anos como Serviçal a dias, tomou conta dos Sanitários junto ao Jardim da Républica, e mais tarde a D.Leonor Pata e mais tarde também a Esposa do nosso Saudoso Bracaté. Camila “a tal do Pitrol branco ou tinto”, foi durante muito tempo Empregada de Servir do Dr.Torrão Santos.

Quiz a sorte como tantas, ficar célebre pelas aventuras com a Pinga juntamente com a sua mãe e o modo simples e de asneiras do seu modo falar que muitas vezes poderemos ainda ouvir, recordar através das nossas e bem conhecidas a Srª. Monarca e a D.Deolinda que vendia na Praça. Também junto onde se encontra hoje o Hospital, Luciana Matias, vizinha de uma senhora também da Aristocracia de Almeirim “Pingal”, pelo nome a D. Benta Panelas cuja neta se encontrava como vizinha do meu Pai mais denominada a mãe dos LéLés, e também bem perto do Palaló (Mestre Alfaiate), foram sem duvida clientes afamados da Loja do Sr. José “Tonel” Moreno, na parte da taberna.Uma das características do Sr.José Moreno, além de ser proprietário da Mercearia, dispunha de uma Charrete equipada, para quando na vinda de Caixeiros-viajantes, ou mesmo já na altura forasteiros, este alugava a dita que mostrava a esses, todas as belezas de Almeirim e repectivamente quase todo o Concelho.

Uma maneira bem tipica e ainda hoje penso ser bem apreciada e bem recebida e que deveríamos ter como referencia bem Ribatejana algo do Género em vez de andarmos de Bicicleta! Cág`Apitos, de sua Alcunha, foi um alfaiate que nos anos 20/30 ao lado onde atualmente se encontra a bem conhecida Farmácia da Senhora era bastante conceituado. Ainda não havia nem o Cinema nem o Café Império. Começou nesta profissão com 12 anos, era aprendiz na aldeia onde nasceu, Depois alguns anos, revelou o gosto em “transformar peças de pano em autênticas obras de vestuário e mesmo alterar e virar, para ficarem novas ”. Veio de longe e por cá ficou.

A sua loja ou domicilio era pertença do Sr. José Julio Andrade que para recordar foi este Ilustre que se lembrou de plantar na Praça da Republica as mais famosas laranjeiras Azedas, que ainda me lembro de muitos ao julgar que eram doces, depois de as saborearem, ficavam com caras que podiamos fazer delas, caraças para o Carnaval… A clientela habitual era sobretudo da classe média alta, porque era a mais sofisticada, tinham mais dinheiro e saber vestir melhor. Desde Fazendeiros, Agricultores Doutores, Politicos, Engenheiros e alguns Professores na altura já artistas e Caloteiros… etc, todos lhe confiavam os fatos: Tinham de andar bem vestidos, porque tinham presunção e orgulho nos seus jantares, a vida social (Clubes Almeirinenses, onde a batota era uma profissão) e não podiam aparecer de qualquer maneira”.

A Classe mais pobre tinha que se remediar com as simples Costureiras, que muitas foram aprendendo com este e demais Alfaiates como aprendizas. O Mestre Adelino Soller foi durante anos “Alfaiate”, na Rua do Paço ao lado da Loja do Sr. Duque e do Café do Sr. Joaquim Soares este pai de Rogério Soares e Alfredo Soares, que mais tarde até vai dar um empurrão para reorganizar a nossa Banda Marcial em 1931, onde um dia haveria de aparecer o famoso café do “Afonso” o tal café onde o Alexandrão pintou aquelas paredes com quadros alegóricos a Almeirim.

Na travessa ao lado onde hoje a Caixa Geral de Depósitos se encontra, edifício esse que pertenceu ao Dr.Miguel, durante anos o Mestre João Montêz, avô da Drª Marilia, Irmão da esposa de um conceituado Comerciante que aqui recordo “ O Mestre Batata” das Sapatarias e Confeções, Almeirim e Alpiarça, foi como os demais já na minha geração, Alfaiate.Também fica para recordação o Sr.Fernando “Sacristão” que quando veio para Almeirim, veio para Sacristão como todos se recordam, mas na sua Aldeia lá do Norte, foi Alfaiate.

Todas as quintas-feiras, no seu descanso semanal, exerceu essa sua Profissão a titulo particular, bem como mais tarde Enfermeiro. Em breve virei por aqui recordar mais alguns nos anos 60.

Crónica, por Augusto Gil