“O grupo evoluiu bastante. No final já nos considerávamos uma família.”

DANÇA O Grupo de Dança Contemporânea do Centro Amador Desporto e Cultura de Almeirim (CADCA) existe há quatro anos e fomos falar com Diana Duarte, professora de ballet clássico e contemporâneo, e Luísa Moreira, dirigente do clube.

Como é que chegaram ao Grupo de Dança Contemporânea do CADCA?
Luísa Moreira (L.M):
Trabalho no Continente e cheguei ao CADCA porque, há uns anos atrás, a minha filha andava à procura de um sítio para dançar e nós tivemos conhecimento que existia um Grupo de Dança Contemporânea que tinha aulas na P3. Nós fomos lá, a Carolina gostou e foi assim que começamos, e penso que já faz perto de uns quatro anos.
Diana Duarte (D.D): Sou professora de ballet clássico e contemporâneo. Cheguei ao CADCA através da resposta a um anúncio que tinha colocado na internet onde referia a minha experiência como bailarina e no mundo da dança, como também a minha disponibilidade em lecionar.

Qual a relação que tem com os seus alunos?
D.D:
Considero a relação com os meus alunos super positiva. Sempre tive o foco de “conquistar” cada um deles para que se sentissem em casa naquele espaço de dança. Para mim era importante que cada um deles se sentisse confortável e à vontade neste espaço para que eu pudesse ensiná-los de acordo com as dificuldades de cada um sem se sentirem mal por eu os corrigir. Tentei sempre ensinar que a correção leva à perfeição de cada movimento.

E quais são os principais membros da entidade, ou seja, aqueles que estão por detrás da organização?
L.M:
Houve um membro original que, neste momento, não faz parte, que foi a pessoa que fundou a Dança Contemporânea. Essa pessoa desistiu por motivos que não vale a pena agora dizer e, neste momento, os principais membros sou eu, o Mário Moreira, penso que possa referir ainda a Sónia Pisco e a Helena Afonso.

E qual o seu papel na organização? Qual é a função que exerce na organização, para ser mais concreta?
L.M: A função, em ata, sou seccionista. Mas penso que no grupo de dança exerço um bocadinho mais além de seccionista porque eu interesso-me imenso pelos alunos, e gosto de os acompanhar, e gosto de os acarinhar, e penso que essa é também a minha função.

Muito bem, e o grupo é constituído por quantos elementos? E encontram-se em que faixa etária?
L.M: Até ao início da pandemia, o grupo era constituído por 21 elementos. Neste momento, houve uma quebra, porque, infelizmente, dada a situação, algumas pessoas desistiram, não sei se por medo ou se por qualquer outra razão… temos, essencialmente, penso eu, ao todo 16, que vão desde os quatro anos de idade, que é o bailarino mais pequenino, e o mais velho, neste momento, tem 22.

Espetáculo do Grupo de Dança no Cartaxo.
Fotografia d0 Grupo de Dança Contemporânea do CADCA

E, como sabe, nós estamos em situação pandémica desde 2020, já tinha referido até algumas das dificuldades, mas eu quero saber, num todo, quais foram as dificuldades que encontraram desde o início da pandemia, até o momento atual, visto que o grupo já tem quatro anos.
L.M: A primeira dificuldade de todas foi o espaço físico, porque quando surgiu esta situação toda da pandemia, nós
quisemos retomar as aulas presenciais, quando nos foi possível, mas tínhamos a limitação, porque tínhamos de dar o
espaço de dois metros entre cada aluno, era assim que a lei obrigava, então víamo-nos na obrigação de arranjar um espaço maior, uma vez que, antes, as nossas aulas eram na P3, o espaço é reduzido, era impossível termos 21 alunos ao mesmo tempo a ter aulas naquele espaço. E então, graças a um mecenas que nós arranjamos, que posso dizer o nome, o senhor André Mesquita, que praticamente nos cedeu o espaço atual para nós podermos ter então as aulas e termos um espaço suficientemente grande que comportava os 21 alunos com um espaço permitido por lei.

E foram implementadas medidas de segurança?
L.M:
Sim, sempre respeitámos a higienização, o espaço entre alunos, o uso da máscara, a sinalização no chão, temos um placar que informa acerca do covid, todos os procedimentos legais, artigos, sempre tivemos o máximo de cuidado e posso garantir-vos que nenhum dos nossos alunos ficou infetado durante uma aula nossa.

E qual é o vosso balanço sobre este ano, perante a pandemia e tudo o que veio a decorrer durante o mesmo?
L.M:
Gostava imenso de dizer que foi um balanço positivo, também não posso dizer que foi completamente negativo, mas não foi aquilo que nós estávamos à espera. Claro que tivemos repercussões negativas, não é? De facto, tivemos alunos que desistiram… foi um bocado triste ver que o medo que se instalou nas pessoas fez com que eles deixassem de vir, e nesse aspeto foi negativo, mas foi muito positivo ver que, mesmo assim, houve pessoas que não desistiram e, graças a Deus, estiveram connosco até ao fim e estou mesmo de coração cheio por ter essas pessoas até ao fim.
D.D: A pandemia realmente veio afetar de forma brutal todos os nossos planos. Desde aulas online que se tornaram difíceis para os alunos, até à falta de contacto físico vieram fazer com que os alunos muitas vezes se sentissem desmotivados ou frustrados. No entanto, acho que também nos proporcionou um senso de união maior. Apoiávamo-nos muito mais uns aos outros por sabermos que estava a ser difícil para todos de igual forma. Creio que os alunos
desenvolveram uma maior resiliência emocional e compreensão das dificuldades do outro.

E qual a vossa perceção sobre a evolução do grupo, ou seja, o que sentiram que evoluiu no grupo no decorrer destes quatro anos?
L.M: Houve uma grande evolução, muito, muito mesmo… foi bonito de ver… nós temos vídeos a comprovar isso… ver a evolução daquelas miúdas e miúdos que estiveram lá desde o princípio e, em retrospetiva, vê-los agora, a evolução foi tremenda, é mesmo muito bonito de se ver, e temos muito orgulho disso.
D.D: Creio que com o avanço do tempo, e tendo o objetivo de união do grupo em mente, o grupo evoluiu bastante. No final, já nos considerávamos uma família. Senti que os alunos que não se conheciam passaram a ter a oportunidade de interagir e conhecer membros diferentes do grupo, que partilhavam a mesma paixão: a dança. Para além disto, em termos técnicos, o grupo evoluiu bastante. Cada aluno se esforçou para aprender a parte mais técnica da dança e assim conseguir realizar os movimentos ou passos com maior perfeccionismo.

E quais foram os espetáculos mais marcantes?
L.M:
Infelizmente, não tivemos muitos devido à situação pandémica, porque tínhamos um espetáculo extraordinário, o ano passado. Este ano, para finalizar, infelizmente, iremos perder algumas das nossas alunas que estão connosco desde o início, vão seguir uma nova etapa das suas vidas, vão ganhar asas, vão para a Universidade, vão seguir o rumo natural da vida e, infelizmente, não conseguimos fazer o espetáculo final com elas e teria sido espetacular, mas de todos aqueles que fizemos antes… não sei se há um que gosto mais do que outro, porque são diferentes e, no contexto que aconteceram, foram marcantes e igualmente espetaculares.

De facto, a pandemia foi um aspeto extremamente negativo no decorrer destes últimos anos, mas também houve muitas coisas positivas, como referiu. E agora, eu pergunto, quais são as vossas expectativas para o futuro?
L.M: Expectativas temos muitas… o nosso interesse é continuar com este projeto, independentemente de todas as situações que possam vir a aparecer futuramente. Temos projetos, queremos trazer pop, ter aulas de pop, queremos fazer aulas para adultos, que há imensas pessoas que perguntam: “Porque é que não temos uma aula para adultos? Era giro, depois de um dia de trabalho, fazer assim uma aula para desanuviar, para libertar o stress…”. É uma das coisas que está na calha para ver se conseguimos concretizar no próximo ano. Temos assim umas ideias, ainda estão a ser rebatidas, mas, para já, essa dos adultos é uma coisa que estamos a trabalhar para começar no início do próximo ano letivo.
D.D: Vamos sempre ter grandes expetativas para este grupo! A única coisa que nos pode impedir de alcançá-las será apenas o COVID, porque de resto estamos preparados para oferecer um espetáculo inesquecível aos pais e aos alunos. Temos uma equipa de pais fantástica que apoia muito os bailarinos: isto faz toda a diferença. Estamos então
a contar ter um espetáculo em Dezembro, para o qual já começámos a ensaiar desde o início do ano. Vai ser um espetáculo memorável!