Greve da Sumol Compal começa hoje e exige aumentos salariais justos

A unidade da Sumol Compal em Almeirim está condicionada esta terça e quarta-feira, dias 12 e 13 de agosto, no âmbito de uma greve convocada pelo Sindicato Nacional dos Trabalhadores dos Setores Alimentar, Bebidas, Agricultura, Pesca e Serviços Relacionados (STIAC). A concentração começou por volta das 9h00, junto à rotunda da Avenida João I, no Parque da Zona Norte.

A paralisação tem como objetivo levar a empresa a aumentar os salários, atualizar o contrato coletivo de trabalho, valorizar as carreiras, atribuir 25 dias úteis de férias, reduzir o horário semanal para 35 horas e melhorar os subsídios de alimentação e de trabalho noturno.

Segundo Marcos Rebocho, dirigente sindical, “a empresa retomou os aumentos salariais no ano passado, após 12 anos de congelamento, mas não o fez de forma uniforme. Houve trabalhadores que receberam mais 100 euros, outros apenas 15, e outros quase nada, o que faz com que continuem a ganhar muito próximo do salário mínimo nacional”. Para o sindicalista, “isto não é justo” e representa uma das principais razões para a realização da greve.

Marcos Rebocho sublinha ainda que “os trabalhadores perderam progressão na carreira” devido à ausência de negociação do contrato coletivo desde 2009. “Esta estagnação afeta cerca de 1.200 trabalhadores em seis unidades da empresa”, acrescenta.

O dirigente critica também a postura da administração. “Na última greve, entregámos uma moção com as reivindicações. A empresa recebeu, mas não marcou nenhuma reunião connosco. Em vez disso, reuniu com um pequeno grupo de trabalhadores. Depois surgiram migalhas, como umas décimas no subsídio noturno, mas nós não queremos migalhas, queremos mais qualquer coisa”, afirma. Na sua perspetiva, a atualização do contrato coletivo “acabaria com muitos dos problemas destes trabalhadores”.

Também Vitor Martins, dirigente do STIAC, sublinha que apesar de os lucros da empresa terem aumentado, “a distribuição desses lucros não tem sido a mais justa dentro da empresa”. Afirma que “o chamado chão de fábrica, que é quem produz, recebe sempre a menor fatia do bolo”.

Vitor Martins recorda que “desde a Troika perdemos bastantes benefícios” e que “o nosso trabalho foi sempre profissional e contribuiu para os resultados positivos da empresa”. Contudo, lamenta que “o ambiente de trabalho se tenha degradado completamente” e critica a gestão por “deixar de olhar para a pessoa e focar-se apenas em números”.

Para o dirigente, os trabalhadores, especialmente os mais jovens, querem “ser bem remunerados e ter tempo útil para a família”, o que não está a acontecer. Por isso, reivindicam “25 dias de férias, subsídios de turno mais justos e um melhor ambiente de trabalho”.

Durante a concentração, o sindicato pretende aprovar uma nova moção a entregar à administração. Caso não exista abertura para negociar, está já marcada uma nova greve para o mês de outubro.